Festival Internacional de Haquitia – Zejut Abot
Apresentação
Elias Salgado
Diretor
Amazônia Judaica
Sh’echianu Vekeimanu Vehiguianu Lazman Hazê
(Bendito és tu, Senhor,
nosso Deus, Rei do Universo,
que nos deu vida e nos sustentou,
e nos fez chegar a este Tempo.)
De repente, me ocorreu pensar o quanto ficariam felizes meus avós, ferazmal, Sime Elbaz e Eliezer Elmaleh, de abençoada memória, que ensinaram a meu pai, afastado de todo el mal, David Salgado (Elmaleh) z”l, o idioma que seus ancestrais levaram de Sefarad para o Marrocos, que trouxeram para a Amazônia, cerca de 150 anos atrás – nossa haquitia! Se me vissem agora, que estou escrevendo para contar um pouco sobre como se juntaram alguns hibrim endiamantados (pessoas extraordinárias) para realizar o primeiro Festival Internacional de Haquitia – Zejut Abot, aposto que ficariam muito contentes! Os participantes vieram de vários países: Israel, Canadá, França, Austrália, Argentina, Estados Unidos e de várias regiões do Brasil – e todos nos juntamos na lembrança e na recuperação da haquitia.
O Festival foi realizado por Amazônia Judaica, em apoio à ideia do Dr. Sergio Benchimol e com a colaboração de cerca de 100 pessoas, entre organizadores, colaboradores, participantes e o público que prestigiou nossa Festa de Premiação on line.
Nem sempre grandes eventos, sejam pessoais ou coletivos, têm início de forma pomposa e espetaculosa. Muitas vezes começam com passos lentos, mas firmes. Assim foi com o exitoso Festival de Haquitia – Zejut Abot.
Mas tudo tem um que, um quem e um porquê: o nosso Festival nasceu de uma ideia endiamantada do Dr.Sergio Benchimol, amigo querido de longa data. Um baal mitzvá (homem de iniciativas altruístas) como poucos que, por razões nobres que ele nos conta adiante, um dia, humildemente, como costuma ser, sugeriu ao Amazônia Judaica um desafio-missão:
— Elias, tive uma ideia: realizar um festival de haquitia. Gostaria que fosse uma homenagem a meus pais. Tenho até um nome em mente: Zejut Abot. Será que você aceita tocar o projeto?
Não precisei pensar duas vezes. Amazônia Judaica e seus colaboradores se empenharam ao extremo e o Festival de Haquitia- Zejut Abot foi um enorme sucesso. Imenso, na verdade, pois ainda repercute por todas as partes onde há interessados na história judaica marroquina.
Para a concretização do Festival, contamos com o Dr. Sergio Benchimol, Alicia Sisso Raz (diretora do site Voces de Haketía), a Dra. Line Amselem e o Dr. Yehuda Benguigui (nossos jurados); a etnomusicóloga, Judith Cohen, que nos encantou com uma apresentação musical belíssima, e com nossos amigos Liliana e Marcelo Beneviste, do Esefarad. E, claro, incluídos nossos maiores colaboradores, como os concorrentes que contribuíram com trabalhos nos gêneros: música, crônicas, contos e “chistes” (episódios engraçados), em áudio, vídeo e por escrito.
Até o dia em que Dr. Sergio me propôs a ideia do Festival de Haquitia, cabia nos dedos das mãos e dos pés o número de palavras e expressões da haquitia que eu ainda guardava comigo. Começo a pensar que já estão me faltando dedos… E até onde percebi, parece que para outros tantos também. Haquitia está na crista da onda, recuperada, rejuvenescida, invicta! Assim como o ladino foi praticamente ‘exumado’ de uma quase-extinção, agora chegou a vez da haquitia – revisitado como idioma dos judeus marroquinos, o idioma está esparso, mas não perdido; tem sido pouco divulgado, mas não esquecido; relembrado, de agora em diante, para sempre! Acreditem, aí vem mais!
Sanitos y buenos que estis.
Veja também:
Ecos del primer Festival Internacional de Ḥaketía Zejut AbotPor Profa. Dra. Line Amselem e Dr. Yehuda Benguigui – Jurados do Festival Internacional de Haquitia – Zejut Abot. Leia mais.
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